Edição do dia 01/03/2018

01/03/2018 20h56 - Atualizado em 01/03/2018 20h56

Participação do investimento no PIB é a menor da série do IBGE: 15,6%

No último trimestre, investimento cresceu 3,8%. Foi o primeiro avanço em mais de três anos. Construção teve queda de 5% em 2017.

O investimento, que é um item essencial para a recuperação da economia, terminou 2017 no nível mais baixo em duas décadas.

A energia contida durante tanto tempo só aos poucos começa a ser liberada. A mola-mestra da economia tem nome: investimento.  Mas, na construção, ele não deu as caras. O setor, importante para o emprego, decepcionou: queda de 5% em 2017 e sem recuperação no último trimestre. Se a gente levar em conta 2017 inteiro, o investimento foi mal: caiu 1,8%, e isso depois de um tombo de 10% em 2016.

Em 2017, a proporção de investimento no PIB ficou em 15,6%, a menor da série do IBGE. “Quatro anos seguidos de queda e a taxa de investimento atingiu o menor nível, no ano de 2017, em relação à toda a série que a gente tem calculado desde 1996”, disse a coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Essa mola do investimento começou contraída em 2017, mas voltou a se expandir ao longo do ano e, no último trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o investimento cresceu 3,8%. Foi o primeiro avanço em mais de três anos. “O final do ano é muito mais parecido com o novo ano do que com o ano antigo. Aí sim, você começa a ver uma reação um pouco mais forte em investimentos, das importações, que estão muito relacionadas com investimentos, e também da produção industrial como um todo”, disse Celso Toledo, economista da LCA. 

Depois de cinco anos importando produtos, um laboratório alemão resolveu investir numa fábrica no Brasil. “Com a retomada da economia, a multinacional entende que o cenário econômico fica mais seguro, então é o momento propício para a gente entrar com investimento e preparar os próximos anos”, disse Gustavo Janaudis, presidente da Euroimmun.

Falta muito para voltar ao que era antes. Muitas fábricas ainda trabalham com capacidade ociosa, ou seja, com folga para aumentar a produção. Mas a reação de parte da indústria que passou a investir em equipamentos novos é importante, entre outros motivos, para aumentar a produtividade.

Numa fábrica de chocolate, o crescimento do consumo afastou o amargor da crise e a empresa construiu uma nova unidade. “Investimento de fato é o que sustenta crescimento a longo prazo. Então, se a gente tiver uma economia equilibrada com um crescimento de consumo e investimento, a gente consegue deslumbrar esse crescimento mais para a frente”, afirmou Sérgio Vale, economista da MB Associados.

O ministro da Fazenda comentou o resultado do PIB. “Agora com esta recuperação de 1%, crescimento positivo, o significado é que sai de -3,5% para +1%, até aí um diferencial importante de aceleração. E entramos o ano, portanto, com crescimento forte, crescimento sólido, consolidando a nossa previsão de crescimento de 3% no ano de 2018”, afirmou Henrique Meirelles.

Para os economistas, para esticar o crescimento por mais tempo, é preciso continuar com as reformas. “Não fingir que a gente não tem problema fiscal, que a gente não tem problema com a Previdência, que a gente não tem que fazer reformas para deixar o mercado mais ágil, mais fluido, para tirar todos esses custos que tornam o Brasil uma economia que cresce pouco”, disse Celso Toledo.