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Corpo de funcionário da Vale que foi filmado cantando 'Noites traiçoeiras' é encontrado

Vídeo que mostra Wilson José da Silva, de 53 anos, em momento de descontração foi feito uma semana antes do desastre em Brumadinho
Wilson José da Silva morreu no desastre em Brumadinho Foto: Instagram/Reprodução
Wilson José da Silva morreu no desastre em Brumadinho Foto: Instagram/Reprodução

RIO — A localização do corpo do operador de máquinas Wilson José da Silva, em meio a lama de rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) veio como uma forma de "alívio" para a família dele. O funcionário da Vale de 53 anos ficou conhecido nas redes sociais por aparecer cantando a música religiosa "Noites traiçoeiras" em um vídeo, gravado uma semana antes do desastre no vestiário da empresa, onde estavam vários de seus colegas de trabalho.

As imagens foram compartilhadas entre eles via WhatsApp e só chegou à família de Wilson nos primeiros dias depois do rompimento da barragem.

Segundo um parente, a mulher da vítima ficou "mais conformada" depois da localização do corpo, que permitiu um "enterro digno" no último fim de semana. Ela agora voltou ao trabalho, enquanto segue aguardando as providências a serem tomadas pela Vale.

— De certa forma é um alívio por ter encontrado o corpo — afirmou. — Mas a divulgação do vídeo também a deixou mais conformada, porque foi como uma homenagem que ficou gravada.

Enquanto Wilson ainda estava desaparecido, o sobrinho Carlos Eduardo Silva Braga, de 19 anos, tinha dito que seu tio sempre foi um homem muito religioso e que a cena registrada no vídeo mostrava como era a rotina de Wilson no ambiente de trabalho.

"E ainda se vier noite traiçoeira, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo", diz o trecho da música cantada pelo evangélico.

O jovem contou que havia colegas de seu tio na área do restaurante quando ocorreu o rompimento da barragem. O parente disse que alguns conseguiram correr e se salvar, mas Wilson ficou para trás.

— Os colegas dele estavam no restaurante e ouviram o pessoal gritando: "A barragem estourou!". Um colega dele se encontrou com a gente. Ele estava desolado, pedindo perdão por não ter conseguido puxá-lo. Foi um susto muito grande pra ele — afirmou Carlos Eduardo.

Wilson passava os dias de semana em Brumadinho na casa de parentes em Brumadinho e, aos finais de semana, ia para sua casa em Pedro Leopoldo, a cerca de 95 quilômetros de distância.