RIO — Uma declaração de Luiz Armando Bagolin, curador do Prêmio Jabuti, repercutiu mal em meio à comunidade literária nas redes sociais — rendendo a ele acusações de homofobia e pedidos de que ele seja demitido do cargo.
A polêmica teve início com as mudanças anunciadas no Prêmio Jabuti deste ano, que foi reformulado e terá menos categorias. Em sua coluna no PublishNews, o especialista em literatura infantil Volnei Canônica criticou novidades como a junção de Literatura Infantil e Literatura Juvenil numa única categoria e, especialmente, o olhar que o novo Jabuti lança sobre a Ilustração, vista agora como uma categoria técnica, ao lado de Projeto Gráfico, capa e impressão.
"É curioso constatar que o Livro dos Mortos (Egito – 1.040 a.C. - 945 a.C.), um dos primeiros livros de que se tem registro na história da humanidade, fartamente ilustrado, com protagonismo equivalente das ilustrações em relação à palavra, nos faz perceber que desconsiderar a importância da imagem como elemento artístico-narrativo é, não só um desconhecimento da história do livro, como um preconceito de nossos dias", escreveu Canônica.
No Facebook, Bagolin respondeu às críticas dizendo que discorda que o "Livro dos mortos" seja um livro ilustrado e afirmando que Canônica "se promove como especialista e surfa ao sabor das próprias opiniões". O trecho mais polêmico da resposta, porém, estava no fim da mensagem, na qual ele deslegitima as críticas argumentando que o colunista "principalmente faz a defesa indefectível de seu amor, Roger Mello. Afinal hoje é Dia dos Namorados. Beijos a vocês".
Companheiro de Canônica, Roger Mello é escritor e ilustrador. O próprio Mello respondeu a Bagolin no Facebook: "O 'Livro dos mortos' tem fantásticas versões ilustradas da época (...). E sim, Volnei e eu somos casados e ficamos muito felizes com seus votos!".