O nome é Ceiba, que deriva do gênero científico de árvores tropicais como a sumaúma (Ceiba pentandra) e a paineira (Ceiba speciosa). Quando pronto, em 2023, o navio cargueiro a vela da startup Sailboat será o autoproclamado “maior navio de carga com energia limpa”.

Há muito a discutir sobre essa afirmação, mas é um projeto comercial sério e já com cliente. O “maior” do Ceiba são modestos 46 metros de comprimento, o que seria um recorde impressionante para a época de Cabral, mas já nem tanto no final do século 16. A capacidade de carga, de 250 toneladas, já perdia para as 750 da nau com que Vasco da Gama chegou à índia em 1498.

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No que há de avanços, a área de velas do Ceiba, em três mastros, promete aproveitar mais do vento do que antigamente, movendo-se mesmo com ventos muito suaves, e podendo manobrar bem melhor do que antigamente, e com controle computadorizado.

Também não havia motores elétricos como no novo cargueiro a vela antigamente: com baterias carregadas pelo sol e também de forma regenerativa, pelo movimento da hélice quando o barco é movido só com velas, o Ceiba poderá se mover sem vento ou diretamente contra o vento.

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Navio Ceiba em construção em estaleiro na Costa Rica
Navio Ceiba em construção em estaleiro na Costa Rica (Sailcargo/Divulgação)

Navio de carga à vela: o futuro?

O navio está sendo construído na Costa Rica, num estaleiro na floresta, usando madeira de reflorestamento. No futuro, outros navios da mesma empresa poderão usar biocombustível (produzido a partir de algas) e hidrogênio. A primeira missão será transportar café para a empresa Café William Spartivento, de Montreal, Canadá, que importa principalmente da Colômbia.

O Ceiba é um começo modesto, mas um começo. Não é a primeira vez em que um retorno às velas é apontado como possível solução para o transporte marítimo, que, usando combustível bunker, fóssil e de baixa qualidade, é extremamente poluente.

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Não é uma coisa tão absurda assim: os últimos grandes cargueiros a vela, com cinco mastros, mais de 140 metros de comprimento, e até 8 mil toneladas de capacidade, podiam chegar a 21 nós (39 km/h) com ventos favoráveis, e geralmente tinham velocidade de cruzeiro de 15 nós (28 km/h).

Os maiores navios do mundo atual, os transportes de contêineres Evergreen Classe A, não são tão mais rápidos assim: sua velocidade de cruzeiro é de 22,6 nós (42 km/h), mas são muito maiores: com 400 m de comprimento, carregam 235 mil toneladas.

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Os últimos navios cargueiros a vela foram usados até a Segunda Guerra, para distâncias extra longas, como da Austrália para a Europa, na qual o valor economizado no combustível compensava a menor velocidade.

Via Sailcargo

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