Não fiques de braços cruzados! (Sl 74.11.)
Numa oração de extravasamento tudo é permitido. Porque por meio dela tira-se para fora o que está dentro do coração. Sabe-se que Deus nunca despreza “um coração quebrantado e contrito” (Sl 51.17). A misericórdia divina é mais necessária do que a sabedoria teológica. Portanto, embora assuste, não há nada de errado nesta oração do salmista dirigida a Deus: “Não fiques de braços cruzados!” (Sl 74.11).
O próprio salmista sabe que Deus não tem o costume humano de ficar de braços cruzados. Nesse mesmo salmo, ele fala de um Deus que divide o mar, que esmaga a cabeça dos leviatãs, que alimenta os que estão no deserto, que abre fontes e regatos, que seca rios perenes, que vigia as fronteiras da terra, que controla o calor do verão e o frio do inverno (Sl 74.13-17).
Deus não cruzou os braços depois de haver criado os céus e a terra. Deus não trabalhou apenas de segunda a sábado. No domingo, Ele rompeu os laços da morte e ressuscitou o seu Filho (At 2.24), que antes havia explicado: “Meu Pai continua trabalhando até hoje” (Jo 5.17).
Foi a situação calamitosa de Jerusalém que levou o salmista a pedir a Deus que Ele descruzasse os braços. O salmista estava com pressa e acreditava piamente no sucesso de Deus.
Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos