CASA DE VINICIUS DE MORAES

Casa Vinicius de Moraes


A CASA DE ITAPUÃ - Assista ao mini documentário sobre a morada onde viveu a atriz do Cinema Novo, Gessy Gesse, durante seu casamento com o poeta Vinicius de Moraes, nos anos 1970. Filmagens realizadas na Casa Di Vina e bairro de Itapuã.

Memorial Casa Di Vina

No Casa Di Vina está a casa onde morou na Bahia um dos grandes ícones da cultura brasileira, Vinicius de Moraes. Encantado pela diversidade da terra e embalado pelo amor à atriz baiana Gessy Gesse, Vinicius mudou-se para Itapuã no início dos anos 70, vivendo ali uma fase muito inspirada de sua vida. Preservada em sua arquitetura original, a casa hoje abriga o Memorial Casa Di Vina, onde estão expostos objetos, fotos e documentos da história do casal e da pouco conhecida passagem do poeta pela Bahia. Na visita podem ainda ser apreciadas antigas esculturas e azulejos do artista plástico Udo Knoff, um painel pintado por Bel Borba em homenagem à amizade de Vinicius com o pintor baiano Calasans Neto, e um colorido vitral modernista com desenhos de Calasans apelidado de "O Sol que Arde em Itapuã". A intervenção artística do espaço é inspirada nas histórias contadas por Gessy Gesse em seu livro "Minha Vida com o Poeta" e o acervo gentilmente cedido pela atriz.

VISITAÇÃO GRATUITA
Segunda a domingo das 12h às 22h
VINICIUS DE MORAES

Um dos grandes nomes da Bossa Nova, Vinicius de Moraes compôs a letra da música que por alguns anos foi a segunda mais tocada no mundo, Garota de Ipanema. Se Vinicius nasceu carioca, em 1913, certamente, partiu baiano desse mundo, em 1980, deixando à cultura brasileira patrimônio inestimável. Entregou-se à vida com intensidade, boêmio, apaixonado. Casou-se por nove vezes e inquirido por Tom Jobim por quantas vezes iria se casar, respondeu: “quantas forem necessárias”. Sobre si, dizia ser nada mais que “um labirinto em busca de uma saída”. Labirinto que era, buscando saídas, encontrou na magia de Itapuã um pouso, no colo de Gesse, sua morada divina.
GESSY GESSE

Apresentada por Maria Betânia a Vinicius, Gessy Gesse, atriz baiana do Cinema Novo, com sua beleza selvagem, força e alegria, características dos filhos de Iansã, arrebatou o coração do poeta que por ela se apaixonou à primeira vista. Enamorados, buscaram refúgio abençoado na Bahia, no bairro inspirador de Itapuã. Se a Bahia abençoou o poeta com sua musa e outras inspirações, ele agraciou esta terra com sua poesia.
O CASAMENTO

Juntos desde 1969, o casal festejou sua união em 1973, na Bahia, em um ritual cigano. Celebraram o amor num ato de total entrega, cortando os pulsos para misturar seus sangues. Naquele dia, Vinicius comemorava também seus sessenta anos e estava radiante. Tiveram como padrinhos os casais Jorge Amado e Zelia Gatai e Calasans Neto e Auta Rosa.
BENÇÃO DE OXALÁ

“O branco mais preto do Brasil na linha direta de Xangô. Saravá”! O contato do agnóstico poeta com o sincretismo religioso baiano rendeu bons versos à música brasileira. Sua obra influenciou-se fortemente pela riqueza espiritual do terreiro de candomblé de Mãe Menininha, apresentada a ele por Gesse. Vinicius era filho de Oxalá.
NINHO DE AMOR

A casa foi projetada por Jamison Pedra e Silvio Robatto e construída em frente ao farol de Itapuã. O convite para inauguração da casa foi idealizado pelo próprio Vinicius, quando a batizou de Principado Livre e Autônomo de Itapuã, do qual ele era o Príncipe Consorte. No quarto do casal há uma curiosa banheira com vista para o mar, canto preferido de Vinicius para criar seus versos. A poesia estava presente no dia a dia da casa. Gesse relata que costumava encontrar surpresas na xícara do café da manhã como uma flor ou um poema, além de versos em suas peças de roupa e lingeries.
AMIGOS

A presença de Vinicius movimentou ainda mais a efervescente cena cultural de Salvador nos anos 70. A vida e obra do poeta também foram enriquecidas pela convivência de amigos como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Batatinha, Calasans Neto, Auta Rosa, Carlos Bastos, Camafeu de Oxóssi, Nilda Spencer, Rubinho dos Carnavais, Olga de Alaketu, Walter Queiróz, dentre tantos outros baianos.
TARDE EM ITAPUÃ

Toquinho conta que se deparou com o poema “Tarde em Itapuã” ainda na máquina de escrever de Vina. Pediu para musicá-lo, mas o poeta negou dizendo que pretendia entregá-lo ao baiano Caymmi. Uma noite antes de embarcar para São Paulo furtou a letra, voltando à Bahia três dias depois com a música. Cativou o poeta e juntos cantaram em todo o mundo a famosa e mágica praia de Itapuã. Tantas outras músicas famosas, como “Onde Anda Você” e “Tonga da Mironga do Kabuletê”, foram compostas nesta época.
SUÍTE VINICIUS DE MORAES

A suíte onde o poeta costumava dormir hoje é a principal acomodação do Casa Di Vina Boutique Hotel. A Suíte Vinicius conta com fotos e objetos originais da época, azulejos e cerâmicas do artista Udo Knoff, além de uma banheira cinematográfica e uma mini biblioteca com as principais obras do artista, muitas delas escritas ali. Um quarto muito procurado para ocasiões românticas, onde frases ditas sem querer viram versos para sempre lembrar.
SUÍTE ROSE

Gessy Gesse e Vinicius de Moraes foram casados por 7 anos, mas não tiveram filhos juntos. As crianças presentes na exposição fotográfica do Memorial Casa Di Vina são os filhos da própria Gesse, de seu primeiro casamento: Adolfo, Aroldo e Rose. O quarto 301 da casa, a Suíte Rose, era o lugar onde a filha mais nova de Gesse costumava dormir. Ela e o poeta tinham um ritual especial juntos: a pequena adorava colher folhas de pintangueira no jardim e dar de presente para o poeta cheirar.
VITRAL MODERNISTA

Segundo Gessy Gesse, no vitral original da casa figuravam duas esbeltas cabras desenhadas pelo artista baiano Calasans Neto, que no local já não estavam desde o ano de 2000 e cujos registros parecem ter sumido no tempo. Após longa pesquisa junto com a família de Calasans, decidiu-se por recompor o vitral com o desenho de um dos gradis verticais da antiga casa do artista plástico em Itapuã - já que tinha quase o mesmo formato do vão do vitral da casa de Vinicius. O novo vitral do poeta ganhou assim “o sol que arde em Itapuã” traduzido em cores fortes e traços livres característicos do tom modernista de Cala. A criação coletiva do vitral, em parceria com o Estúdio Sarasá, especialista em azulejos e vitrais, durou cerca de um ano. As cores do novo vitral foram escolhidas a partir das obras de Calasans.
BAR DO PIQUE

O Bar do Pique surgiu nos anos 70 por uma necessidade, como explica a atriz Gessy Gesse em seu livro Minha Vida com O Poeta:
Na quinta-feira, já começava a aparecer gente em nossa casa, com a sacola na mão a nos saudar alegremente com um “cheguei pro fim de semana”. Não havia privacidade, não tinha quem aguentasse o vaivém. Um dia falei pra Vinicius: 
-Poeta, vamos fazer um barzinho, um lugar pra esse povo todo beber. Cada um paga sua cervejinha ou seu uísque, numa boa. 
Vinicius topou e assim demos um pouco de paz à casa. 
O Pique ficava perto do Abaeté e não tinha hora de abrir ou de fechar, era meio “cacete armado”, como se diz na Bahia, e esse era o charme da coisa; era igual a casa de amigo, onde você bate na porta e, se tem gente, entra e fica à vontade. Os frequentadores cobriram as paredes com mensagens; havia recados em várias línguas, poemas, declarações de amor, filosofia de porta de banheiro e muitas coisas bacanas. O problema é que Vinicius tinha mania de assumir a conta dos outros. Ou seja, não adiantou nada tirar as pessoas de dentro de nossa casa, ou fazer economia. Depois de 3 meses funcionando, acabei com o Pique e revelei a alguns amigos a verdadeira ideia por trás do nome: “se pique da minha casa”.
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