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Grandes navios surgem como solução para falta de graneleiros

22 mar 2021, 11:05 - atualizado em 22 mar 2021, 11:05
Madeira do Uruguai e grãos do Brasil devem ser enviados nos chamados cargueiros Capesize neste mês ou no próximo (Imagem: Pixabay)

Os embarques de madeira e grãos têm sido carregados em um tipo de navio normalmente reservado para outras cargas, pois a forte demanda para transportar commodities causa deslocamentos na oferta de embarcações.

Madeira do Uruguai e grãos do Brasil devem ser enviados nos chamados cargueiros Capesize neste mês ou no próximo, de acordo com dados de embarque da S&P Global Platts.

Esses navios são normalmente usados para transportar carvão e minério de ferro, as duas principais cargas do setor. Em contraste, a madeira normalmente é transportada em embarcações menores, segundo o diretor-presidente da Genco Shipping & Trading, John Wobensmith.

“Isso apenas mostra o quão apertado está o mercado de granéis sólidos em geral, que deve ficar ainda apertado”, disse Wobensmith em entrevista na quinta-feira. As elevadas taxas de frete “não são algo apenas para os próximos três meses”, disse o executivo, segundo o qual a tendência deve persistir ao longo de 2022 por causa da menor disponibilidade de navios.

Em média, as taxas de frete de navios Capesize estão em cerca de US$ 18 mil por dia neste ano, um aumento de quase 40% em relação à média em 2020, disse Wobensmith.

As tarifas devem subir ainda mais, impulsionadas pelos fortes volumes de importação de carvão da Índia e do Vietnã e pelas crescentes exportações de grãos e minério de ferro do Brasil, disse.

A Genco, listada em Nova York, possui 41 navios, de acordo com o site da empresa, cujo preço das ações mais do que dobrou nos últimos 12 meses.

Em tempos normais, cargas de nicho, como madeira, tendem a ser entregues em navios menores, como o Panamax, que tem o tamanho máximo permitido para o Canal do Panamá. Mas os custos desses navios subiram tanto que agora superam as taxas dos Capesizes.

Novos pedidos para graneleiros representam 6,8% da tonelagem de porte bruto da frota total, perto do menor nível desde 2005, de acordo com dados da IHS Markit.

Há relutância em comprar novos navios devido às mudanças nas regulamentações ambientais e à incerteza sobre o cenário com o combustível limpo dominante, disse Wobensmith. A Genco acredita que a amônia será usada pela indústria no futuro, acrescentou.

O fornecimento de navios de granéis sólidos já estava sob pressão, pois as restrições da Covid-19 relacionadas a trabalhadores marítimos e portuários desaceleraram as entregas de cargas, de acordo com Gerry Craggs, diretor-gerente da Stemcor S.E.A. O estímulo dos governos para recuperar as economias abaladas pela Covid-19 também impulsiona a demanda por matérias-primas, disse.

“Estamos na fase de estímulos fiscais praticamente no mundo todo”, disse Craggs em entrevista na sexta-feira. “A demanda tem aumentado por praticamente tudo, e vemos esse efeito no setor de aço e em commodities.”

Granéis sólidos começaram 2021 com o pé direito, disse Lee Klaskow, analista da Bloomberg Intelligence, em relatório na semana passada. “A China e a esperada recuperação econômica global estabeleceram um dos começos de trimestre mais fortes para a demanda por granéis sólidos em uma década.”

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