O papel da Praticagem de SP na aprovação dos navios de 366m
As Autoridades Marítima e Portuária destacaram a contribuição da Praticagem de São Paulo na homologação do Porto de Santos para receber navios de 366 metros, os maiores porta-contêineres previstos para a costa leste da América do Sul. A cerimônia que celebrou a autorização da Marinha do Brasil ocorreu na última terça-feira (23/2).
O capitão dos portos de São Paulo, Marcelo Sá, disse que a sinergia dos atores envolvidos no projeto foi fundamental para a aprovação:
– Essa foi uma participação de todos, do empresariado, da Autoridade Portuária que iniciou os estudos em 2016, da praticagem com quem tivemos reuniões que nos deram uma segurança maior e dos engenheiros que fizeram as simulações no Tanque de Provas Numérico da USP.
O diretor de operações da Santos Port Authority (SPA), Marcelo Ribeiro, lembrou da participação efetiva dos práticos tanto nos simuladores da USP quanto no treinamento em modelos tripulados reduzidos, que reproduzem o comportamento desses grandes navios.
Segundo o presidente da SPA, Fernando Biral, o processo de conteinerização impõe desafios com o crescimento das embarcações e “a praticagem sempre respondeu à altura”.
– Temos um canal bastante estreito e estamos testando todos os limites – afirmou.
Os navios da classe New Panamax têm 366 de comprimento, 52 metros de boca (largura) e capacidade para transportar até 14 mil TEUs (unidades equivalentes a um contêiner de 20 pés). Hoje, Santos só recebe embarcações com 340 metros, que carregam uma média de nove mil TEUs.
O presidente da Praticagem de São Paulo, prático Bruno Tavares, reforça que, com os contêineros de 366 metros, não haverá margem para falhas:
– Santos é um porto dinâmico e requer dragagem de manutenção constante. Sem isso, o trabalho é muito prejudicado. Queremos que o porto cresça, não pare de produzir e que seja possível otimizar cada vez mais as operações e o complexo portuário. A praticagem está aqui para ajudar nessa avaliação. Temos sempre que fazer da melhor maneira e mais segura possível.
Desde 2017, os práticos treinam em modelos tripulados reduzidos em centros de excelência nos Estados Unidos e na França. Além disso, trocam experiências com comandantes que já conduzem esses grandes navios por vir.
– Poucos centros de treinamento tinham esse modelo de 366 metros em escala reduzida. Nós nos deslocamos para um rio ou, em geral, um lago, onde treinamos as manobras que realizaremos no porto. É tudo proporcional à vida real, porém, em menor escala. Você sente os efeitos hidrodinâmicos, diferentemente de quando está em um simulador de manobras, que é como se fosse um videogame de última geração – explica Bruno.
Durante as simulações, a Praticagem de SP trabalhou com calado máximo de até 14,20 metros, mas há perspectivas de chegar a 14,50 metros.
Inicialmente, estão previstas 12 manobras especiais: duas de entrada e duas de saída em cada um dos três terminais de contêineres do cais santista. Serão sempre dois práticos a bordo com suporte de PPU (Portable Pilot Unit), equipamento portátil que auxilia a decisão durante a navegação e as manobras; fornecendo informações mais detalhadas do que os sistemas de bordo.
Quatro rebocadores deverão ser utilizados, sendo dois azimutais com, no mínimo, 70 toneladas de tração. Os limites operacionais para entrada e saída desses cargueiros serão de ventos de até 15 nós e visibilidade maior do que uma milha náutica, no estofo da maré. A velocidade máxima deverá ser de sete nós, para atenuar os efeitos da interação hidrodinâmica com os navios atracados.