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Por Bruno Villas Bôas e Thais Carrança, Do Rio e de São Paulo — Valor


Pressionado pelo governo diante das restrições orçamentárias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai cortar em 25% o custo do Censo Demográfico 2020, megaoperação inicialmente estimada em R$ 3,4 bilhões, conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.

Fontes apontam diferentes caminhos para o corte do custo, como a redução do questionário da pesquisa, o que permitiria contratação de menos recenseadores temporários, e, principalmente, salários menores para os contratados. Pelo plano original, seriam contratados 240 mil temporários, sendo 203 mil recenseadores.

Procurado, o instituto confirma que os questionários serão ajustados, de forma a "eleger quais informações fundamentais devem ser pesquisadas no Censo e quais podem ser obtidas por outras pesquisas amostrais". O instituto afirmou que "não haverá perda de informações" com as mudanças.

De acordo com um servidor responsável pela operacionalização do Censo, a redução do tamanho do questionário permitiria que os recenseadores passassem menos tempo em cada domicílio e, desta forma, cada um poderia realizar um número maior de visitas. Assim, o instituto poderia economizar na contratação de pessoal temporário.

Como as demais operações desse tipo, o Censo 2020 tem dois questionários: o mais breve, chamado de "universo" (respondido por todos os domicílios), e o mais longo, chamado de "amostra" (respondido por parte dos domicílios). O questionário mais longo pode levar mais de 40 minutos para ser respondido conforme o número de moradores do domicílio.

"Os dois questionários estão bastante longos e têm espaço para cortes. Mas isso não é um ponto pacificado dentro do IBGE. Parte dos técnicos resiste em reduzir o tamanho do questionário", disse o servidor, que pediu para não ser identificado. "O fato é que os equipamentos eletrônicos já são uma parcela pequena do orçamento."

Uma fonte confirma que existe resistência interna no quadro técnico para reduzir os questionários, mas afirma que isso pouco mudaria o custo da operação. "O maior custo é com deslocamento dos recenseadores. Quando ele não consegue 'abrir' o domicílio, ele precisa ficar voltando. O tempo do questionário tem pouco impacto em si", disse.

Outro técnico acrescenta que a maior parte do corte do orçamento do Censo 2020 deve vir de menor reajuste de salários dos recenseadores, em comparação ao Censo 2010. Essa informação teria sido passada pela direção do IBGE ao corpo técnico.

A redução seria feita pela mudança do indexador do reajuste do pagamento de temporários contratados. Em vez de corrigir o pagamento pelo reajuste do salário mínimo da década, agora, a expectativa é de reajuste apenas pela inflação acumulada em dez anos. A diferença seria de um reajuste de cerca de 104% para algo como 65%, segundo cálculo do Valor.

Conforme o técnico do IBGE, a avaliação é que as pessoas tendem a aceitar atualmente salários mais baixos por causa do momento econômico. "A redução de salários deve gerar 20 pontos percentuais do corte de 25% no orçamento previsto", disse o servidor do IBGE, acrescentando que não está claro de onde virão os 5 pontos restantes.

Procurado, o IBGE afirma que o Censo 2020 permanece uma prioridade, mesmo com a redução de custos da operação. "O objetivo do IBGE é realizar um Censo menos custoso, com qualidade e sem perda de informação", informou o instituto, em nota que confirma a intenção de reduzir o custo em 25%.

O instituto lembrou que qualquer alteração no questionário só será implementada após consultas a quatro grupos envolvidos na operação: comissão do Censo; comissão técnica; grupo de especialistas; e órgãos internacionais, "sem prejuízo da discussão contínua entre as áreas técnicas da instituição".

Em fevereiro, durante evento de posse da economista Susana Cordeiro Guerra na presidência do IBGE, o ministro da Economia, Paulo Guedes, provocou publicamente o instituto a cortar o número de perguntas do questionário. O ministro afirmou, naquela ocasião, que se "perguntar demais vai acabar descobrindo coisas que nem queria saber".

"Falta dinheiro para o Censo, mas o presidente fica de frente para o Pão de Açúcar, a diretoria fica no Centro e turma da relação fica aqui [no Maracanã]. Devia todo mundo estar junto em um prédio só. Ou quem sabe a gente vende os prédios e bota dinheiro para complementar para fazer o Censo benfeito", disse Guedes na ocasião.

O Censo 2020 está previsto para começar em agosto do ano que vem. Nesta operação, os recenseadores visitarão mais de 70 milhões de domicílios nos 5.570 municípios de todo o país. Serão investigados aspectos da vida dos brasileiros como educação, saneamento básico, religião, deficiências físicas, trabalho e rendimento.

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